“Que a minha loucura seja perdoada
Pois metade de mim é amor
E a outra metade também.”
(Oswaldo Montenegro)
E se enxergássemos um outro mundo possível? E se conseguíssemos olhar para a impermanência dentro e fora de nós como uma lei da natureza, simples, bela e integrada como a passagem das estações? E se a consciência de que tudo vai mudar soasse mais como uma inspiração e abertura para a vida do que um risco a ser administrado?
Dulce Magalhães, em seu livro O foco Define a Sorte, faz uma provocação direta e instigante nesse sentido: “a forma como enxergamos o mundo faz o mundo que enxergamos”. Já parou para pensar nisso? Se nós somos as pessoas que estão fazendo o mundo com a nossa visão e forma de viver, qual é a vida que estamos vivendo diante do cenário que se apresenta diante de nós?
Basta uma voltinha no nosso globo terrestre para perceber que o nosso modo de vida está gerando fluxos desarmônicos por toda parte. Quando entramos no ciclo da normose e priorizamos o ter, a busca de segurança e enriquecimento como único propósito possível, acabamos gerando um fluxo de energia que contribui com a exaustão das potencialidades naturais nas dimensões humanas, sociais e ambientais.
Nossas atitudes acabam fortalecendo a visão dominante, que define os jeitos “certos” de fazer e excluem os jeitos “diferentes” de estar e criar o mundo. Isso abre espaço para a ampliação da violência, gerando a desconexão, a sensação de não pertencimento, o machismo, o racismo, a desvalorização das pessoas, a violação da dignidade humana, guerras etc.
Será que uma maneira possível de interromper esse fluxo desarmônico seria assumirmos que a mudança é a única constante da vida, e a forma criativa de resistir seria simplesmente re-existir. Re-existir a cada mudança, a cada nova geração, a cada novo tempo, atualizando de forma potente as diferentes realidades que se formam a partir das atitudes que compartilhamos no mundo.
Simples? Possivelmente não. Talvez seja preciso abrir mão das nossas respostas prontas. Reconhecer que nossa existência é complexa, composta de muitas variáveis e movimentos vivos em constante mudança.
Ter consciência de si, se auto-observar, refletir e acolher a maneira como você tem enxergado o mundo pode ser uma forma saudável de identificar as justificativas e preconceitos que habitam o seu cotidiano. A cada justificativa que identificar, pergunte-se: “Como isso dialoga com quem eu sou?”
Identifique os apegos, padrões e preconceitos que encontrar e veja como pode se colocar em movimento, tendo em mente que na natureza a estagnação é uma inutilidade, um desperdício de energia que precisa ser transformado.
E só podemos transformar aquilo que é reconhecido e aceito em nós. Se entregar à mudança exige novas estratégias, novas experimentações e novas escolhas que já estão dentro de você. Basta lembrar-se da sua inteireza, de quem você é e do mundo que vem manifestando.
Para resistir à violência que separa e exclui, é preciso re-existir a cada instante, dando voz à nossa inteireza para fazer um mundo também inteiro, belo, justo e pacífico, como tudo aquilo que É.
Lenita Fujiwara é redatora, reikiana, aprendiz de pós-graduação em Psicologia Transpessoal e membro da equipe de Comunicação da Unipaz SP, além de practitioner de Barras de Access e terapeuta Alquímica Floral.
Nelma da Silva Sá é Facilitadora, Educadora, Pedagoga e Administradora de empresas. Coach de Processo de Transição Profissional. Especialista em Dinâmica Organizacional, Gestão e Ambiente de Trabalho. Pós-graduada em Transdisciplinaridade e Desenvolvimento Integral do Ser Humano pela Universidade Internacional da Paz. Experiência em Organizações Privadas com foco em implantação de Projetos e Desenvolvimento de Equipes e Lideranças. Cofundadora, Presidente e Coordenadora Pedagógica da Unipaz São Paulo. Facilitadora dos Programas: Eneagrama, Autogestão, Educação Ambiental e A Arte de Viver a Vida de Pierre Weil.