Unipaz São Paulo

Onde Nasce o Conflito: O Poder de Reconhecer Antes de Reagir

Segura firme aí, porque vale a pena explorar essa ideia que pode mudar a forma como você lida com conflitos no dia a dia!

Pierre Weil, em suas abordagens sobre Psicologia Transpessoal e Educação para a Paz, especialmente em A Arte de Viver o Conflito, nos traz um insight valioso: muitos dos nossos conflitos surgem de uma cadeia de percepções e interpretações equivocadas que aceitamos como verdades absolutas.

Neste texto, vamos aprofundar o conceito do PISAR e PESAR — uma metáfora potente que nos ajuda a compreender como pequenos mal-entendidos podem se transformar em grandes conflitos. Ao reconhecermos essa dinâmica interna, ganhamos a chave para transformar a reatividade em consciência, e a tensão em oportunidade de encontro.

Vamos entender como isso acontece na prática?

Um exemplo clássico

Imagine a seguinte situação: na época em que os celulares ainda não haviam sido inventados, minha amiga Laura me convida para um chá em sua casa às 5 da tarde. No dia seguinte, saio caminhando até lá, mas no meio do caminho vejo uma forma ondulada. Assustada, grito: – Ah meu Deus, é uma cobra!

Completamente tomada pelo medo, volto correndo para casa, desistindo do encontro. Laura, por sua vez, me esperava, mas eu não apareci. Chateada e frustrada, ela conclui que eu esqueci ou simplesmente não dei importância ao nosso encontro. No dia seguinte, quando me encontra na rua, ela nem olha na minha cara.

Essa história, apesar de simples, ilustra perfeitamente o que Weil chama de PISAR:

  • Percepção – Vejo uma forma ondulada na estrada.
  • Imaginação – “Ah meu Deus, é uma cobra!”
  • Sentimento – Medo e desespero.
  • Ação – Volto para casa.
  • Reação – Laura fica chateada por eu não aparecer.

Agora, do ponto de vista de Laura:

  • Percepção – Ela percebe que eu não compareci.
  • Imaginação – “Ela não se importa comigo”
  • Sentimento – Fica brava e triste.
  • Ação – Decide não falar mais comigo.
  • Reação – Eu me afasto, achando que Laura está magoada sem motivo.

Isso cria um ciclo de mal-entendidos, alimentado por percepções erradas, interpretações imaginadas e sentimentos não resolvidos.

Um mecanismo de criar histórias

Nosso cérebro está constantemente gerando histórias a partir dos fatos que observamos. O problema é que 95% dessas histórias são fruto da nossa imaginação e não têm nada a ver com a realidade. Contudo, passamos a acreditar nelas como se fossem a mais pura verdade!

É aqui que Pierre Weil propõe uma transformação essencial: trocar o PISAR pelo PESAR.

O que muda com o PESAR?

A grande diferença entre o PISAR e o PESAR está no “I” de Imaginação, que é substituído pelo “E” de Estimativa. No PESAR, não tomamos nossa imaginação como verdade absoluta. Ao invés disso, tratamos nossas suposições como estimativas e, em seguida, verificamos se elas realmente procedem.

Vamos ao exemplo:

  • Percepção – Vejo algo ondulado na estrada.
  • Estimativa – Pode ser uma cobra… ou uma corda!
  • Sentimento – Ainda posso sentir medo, mas agora com mais cautela.
  • Ação – Vou checar antes de tomar uma decisão precipitada.
  • Reação – Continuo o caminho para a casa da Laura se não houver perigo.

No caso de Laura:

  • Percepção – Ela vê que não compareci.
  • Estimativa – Talvez algo tenha acontecido. Será que houve algum imprevisto?
  • Sentimento – Em vez de raiva, sente curiosidade ou preocupação.
  • Ação – Ela pergunta o que aconteceu.
  • Reação – Eu explico e evitamos o conflito!

Ao trocar a imaginação por uma estimativa, abrimos espaço para checar os fatos, dialogar e prevenir desentendimentos que poderiam se transformar em conflitos desnecessários.

Conclusão

Todos nós, seres humanos, somos criadores de significados. O problema é que, muitas vezes, as histórias que inventamos são apenas fruto da nossa imaginação. Ao introduzir o conceito do PESAR, Pierre Weil nos convida a transformar nossa forma de pensar, reconhecendo que as percepções não são verdades absolutas, mas apenas interpretações que devem ser validadas.

Então, da próxima vez que você perceber um conflito surgindo, lembre-se: substitua a imaginação pela estimativa e veja como isso pode mudar o rumo da sua história!

Essa experiência faz parte do seminário A Arte de Viver o Conflito, que integra o programa A Arte de Viver a Vida de Pierre Weil, um programa educacional e terapêutico que nos convida a viver de forma mais leve e simples. Para saber mais, leia o livro A Arte de Viver a Vida ou participe de nossos cursos sobre transformação de conflitos e educação para a paz.

Nelma da Silva é Facilitadora, Educadora, Pedagoga e Administradora de Empresas. Coach em Processos de Transformação Profissional, com MBA em Dinâmica Organizacional, Gestão e Ambiente de Trabalho. Possui pós-graduação em Transdisciplinaridade e Desenvolvimento Integral do Ser Humano e em Psicologia Transpessoal. Tem ampla experiência em organizações privadas, com atuação focada na implantação de projetos e no desenvolvimento de equipes e lideranças.
É cofundadora, presidente e coordenadora pedagógica da Unipaz São Paulo, além de vice-reitora da Universidade Internacional da Paz.
Facilitadora dos programas Eneagrama, Autogestão, Educação Ambiental e A Arte de Viver a Vida, de Pierre Weil.