“Não sei quantas alma tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma(…)”
Fernando Pessoa.
Aprender ao longo de toda a vida. Será que isto é possível?
A vida é criativa e se constrói à medida que flui. Todos os seres vivos buscam desenvolver-se e preservar-se. Ainda que não tenhamos clareza, a única constante que se mantém no movimento da vida é a de que estamos sempre aprendendo. Acertando e errando, vamos evoluindo em direção ao que há de mais sagrado em nós: a nossa capacidade de crescimento.
Só que nesse mundo de incertezas, a tendência é levarmos a vida ligados no botão da urgência. Urgência para aprender, para tirar demandas da frente, para conseguir coisas novas e uma infinidade de objetivos que vão se sucedendo em nossas mentes nessa busca frenética por segurança. No entanto, há um efeito colateral quando transitamos demasiado tempo no território das certezas: nossa criatividade e nossa capacidade de se re-inovar podem se tornar limitadas.
Imagine se estivéssemos abertos para aprender com cada nova descoberta, com a alegria de um sonho realizado, com as ações rotineiras ou simplesmente com os insights de uma nova ideia?
Como a nossa relação com o mundo se estabelece por meio da nossa mente, do nosso coração, do nosso corpo e da nossa intuição, aprender com essas interações pode ser mágico, potente, leve e simples.
Mas como fazer isso? Para facilitar, colocamos aqui algumas perguntas para orientar seu processo de auto-observação e reflexão.
Como penso o mundo?
Pensar o mundo diz respeito à nossa mente e estimula em nós uma forma de compreender a vida por meio do saber. A capacidade mental sustenta escolhas mais racionais, mais analíticas, mais ordenadas, porém o risco de fazer suas escolhas pela via do pensamento é abafar os desejos do coração, os nossos sentimentos.
Como sinto o mundo?
Sentir o mundo relaciona-se com o nosso coração e estimula em nós uma forma de compreender a vida por meio da emoção/sentimento. A capacidade sentimental sustenta escolhas mais afetivas, mais acolhedoras, mais emocionadas, porém o sentimento em excesso pode abafar a nossa capacidade de analisar fatos, aumentando o risco de as nossas escolhas gerarem danos relacionais.
Como faço no mundo?
Fazer o mundo está diretamente ligado ao nosso corpo e estimula em nós uma forma de compreender a vida por meio dos cinco sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar. A capacidade sensorial sustenta escolhas mais concretas, mais aterradas, mais assertivas e focadas, porém usar a capacidade sensorial em excesso pode nos fazer escolher somente caminhos seguros, limitando a capacidade inovar.
Como intuo o mundo?
Intuir o mundo conecta-se à nossa alma e estimula em nós uma forma de compreender a vida por meio daquilo “que não vejo, que não sinto, que não pego”. A capacidade intuitiva sustenta escolhas mais conectadas com a voz interna, com a confiança, com a reinvenção, com o nascimento de algo novo, porém o uso excessivo da capacidade intuitiva pode nos fazer escolher caminhos desconectados da realidade, limitando a nossa capacidade de concretizar.
E aí? Se identificou com qual dessas formas de compreender o mundo? O que está mais presente em sua vida cotidiana: o pensamento, o sentimento, a sensação ou a intuição?
É natural que você se reconheça em mais de uma. Afinal, nada está separado! Todos nós temos essas quatro capacidades, porém, naturalmente tendemos a ter duas mais desenvolvidas e duas mais escondidas.
Uma aprendizagem transformativa, direcionada ao desenvolvimento integral, é um convite a promover mudanças que se iniciam na própria relação consigo mesmo. É revisitar os padrões individuais de pensar, de sentir, de agir e de intuir para construir um novo espaço. Um espaço que possibilite transformações e permita a expressão do nosso Ser no mundo.
Que tal criar um espaço seguro e sagrado, amplo o bastante para você se movimentar livremente em direção à inteireza?
Quanto mais movimento, mais inteireza. Quanto mais inteireza, mais Paz!