Maravilhas nunca faltaram ao mundo; o que sempre falta
é a capacidade de senti-las e admirá-las.
Mário Quintana
Tenho uma amiga querida que é “maravilhada”. No início, ficava intrigada com a sua capacidade de se maravilhar com tudo o que era novidade. O que era motivo de encantamento para ela, parecia muito simples para mim. Com o tempo, fui percebendo que a sua capacidade de se maravilhar era genuína, por isso mesmo seu jeito de agir no mundo parecia ser muito mais leve.
Para o escritor G.K. Chesterton, “a coisa mais infantil de uma criança é a sua capacidade de se maravilhar”. Será, então, que a minha amiga mantinha essa capacidade autêntica de toda criança de se maravilhar? E nós, onde foi que perdemos a nossa habilidade de ver maravilhas em tudo e todos?
A resposta pode estar na nossa cultura. Você já deve ter ouvido muitas e muitas vezes que as responsabilidades da vida devem ser realizadas com esforço e luta. Essa leitura pode nos escravizar, deixar-nos presos e presas ao desespero da sobrevivência. Acatamos, sem questionar, que não temos tempo para perder… E assim, nosso olhar vai ficando cada vez mais estreito. Somos capazes de passar dias indo e voltando do trabalho, apenas correndo atrás de mais dinheiro ou de mais poder, sem enxergar nada à nossa volta.
A consequência é o afastamento do mistério da infância que nutre a nossa capacidade genuína de se admirar com as coisas simples. E a vida vai ficando cada vez mais austera e sem brilho.
Como reavivar essa capacidade de se maravilhar?
O convite é revisitar as suas crenças e ver como você se relaciona como as suas responsabilidades. Se você perceber que a sua capacidade de se maravilhar está enfraquecida, vá, aos poucos, criando espaços para a maravilha acontecer.
Não há uma regra específica. Cada um pode investigar aquilo que lhe gera encantamento. Pode ser que você se encante com as histórias de vida das pessoas. Ou uma energia única venha ao abrir a janela e contemplar o que está diante de si. Pode ser também olhar as estrelas ou em entrar em contato com a natureza. O que importa mesmo é perceber que você está ampliando a capacidade de sentir e admirar as maravilhas que estão sempre presentes no mundo. Aqui e agora, à sua disposição.
Edgar Morin, um dos grandes pensadores contemporâneos, considera a capacidade de maravilhamento e encantamento um ato de resistência, pois nos fortalece para agir contra as crises e os horrores que tanto afetam a humanidade.
Voltando à história da minha amiga, considero inspiradora a sua capacidade de enxergar no cotidiano o inusitado e o novo. Afinal, esse olhar diferenciado pode transformar o ordinário em extraordinário, abrindo caminho para uma maravilhosa conexão com a arte de viver a vida.
Quem te inspira a ver o mundo com outros olhos?
Nelma da Silva Sá é Facilitadora, Educadora, Pedagoga e Administradora de empresas. Coach de Processo de Transição Profissional. Especialista em Dinâmica Organizacional, Gestão e Ambiente de Trabalho. Pós-graduada em Transdisciplinaridade e Desenvolvimento Integral do Ser Humano pela Universidade Internacional da Paz. Experiência em Organizações Privadas com foco em implantação de Projetos e Desenvolvimento de Equipes e Lideranças. Cofundadora, Presidente e Coordenadora Pedagógica da Unipaz São Paulo. Facilitadora dos Programas: Eneagrama, Autogestão, Educação Ambiental e A Arte de Viver a Vida de Pierre Weil.