Unipaz São Paulo

A Urgência de Re-Humanizar a Inteligência em Tempos de Fascínio Digital

Vivemos uma era marcada por uma curiosa inversão de valores: enquanto as tecnologias de inteligência artificial avançam em ritmo acelerado, alardeadas como solução para quase todos os dilemas da humanidade, testemunhamos um perigoso enfraquecimento das inteligências humanas — aquelas que, por natureza, são sensíveis, relacionais, éticas e criativas. Em nome da eficiência algorítmica e da promessa de um futuro automatizado, corremos o risco de negligenciar justamente aquilo que nos torna humanos.

A inteligência artificial, por mais sofisticada que seja, opera a partir de dados, padrões e probabilidades. Ela aprende com o passado, mas não sonha com o futuro. Processa, mas não sente. Simula empatia, mas não sofre nem se transforma. Já as inteligências humanas — múltiplas, como nos ensinou Howard Gardner — florescem no terreno fértil da experiência, da subjetividade e da interdependência. A inteligência corporal, a emocional, a psíquica, a ecológica, a artística, a noética, a ética, a espiritual: todas essas formas de saber e de ser são insubstituíveis na construção de sociedades mais conscientes, justas e compassivas.

Contudo, a cultura contemporânea parece embriagada pelo mito da superinteligência artificial. Estamos cada vez mais condicionados a terceirizar nossa capacidade de pensar, lembrar, decidir e até de sentir. Algoritmos determinam o que vemos, o que desejamos e até com quem nos relacionamos. Essa delegação cega compromete nossa autonomia e nos torna vulneráveis à manipulação invisível de sistemas que priorizam o lucro e o controle.

Fortalecer as inteligências humanas, portanto, é um ato de resistência. É recuperar o direito de pensar criticamente, de sentir profundamente, de imaginar o inédito. É investir na educação integral, na escuta sensível e ativa, no diálogo, na introspecção e na presença. É cultivar o discernimento em meio ao ruído informacional e relembrar que a ética não pode ser codificada, senão vivida.

Nesse sentido, o reitor da Universidade Internacional da Paz (UNIPAZ), Roberto Crema, aponta uma provocação essencial: o Ser Humano será a maior descoberta do século XXI — caso contrário, haverá século XXI para o ser humano? Sua reflexão convida a uma urgente revisão de rumos, apontando para a centralidade do humano num tempo cada vez mais dominado por lógicas tecnocráticas.

É justamente nesse contexto que a proposta da Educação Transdisciplinar e Transpessoal da UNIPAZ se apresenta como um caminho vital para re-humanizar a formação. Inspirada na integração entre razão, emoção, corpo, consciência e espírito, essa abordagem oferece experiências educativas que promovem o desenvolvimento humano integral. Por meio de práticas conectadas com a natureza, a liberdade do brincar, o desenvolvimento socioemocional, o cuidado com a diversidade e o olhar ampliado da consciência, a UNIPAZ celebra pedagogias que, embora diversas em suas expressões, convergem na intenção de formar seres humanos plenos, íntegros, conscientes e criativos.

Em um tempo de excesso de informação e carência de sabedoria, esse modelo educativo se afirma como um espaço de encontro, inspiração e reconstrução coletiva do sentido de aprender e existir. Diante desse cenário, emerge uma pergunta essencial: como integrar a inteligência artificial à inteligência humana sem que uma anule a outra?

A resposta talvez esteja em reconhecer a IA como ferramenta — não como substituto. Um apoio que pode ampliar capacidades humanas, desde que a formação ética, emocional e espiritual permaneça no centro do processo educativo. A verdadeira inovação estará, portanto, na capacidade de mantermos a alma no mundo, mesmo quando as máquinas nos cercam.

Nelma da Silva é Facilitadora, Educadora, Pedagoga e Administradora de empresas. Coach de Processo de Transformação Profissional. Especialista em Dinâmica Organizacional, Gestão e Ambiente de Trabalho. Pós-graduada em Transdisciplinaridade e Desenvolvimento Integral do Ser Humano pela Universidade Internacional da Paz. Experiência em Organizações Privadas com foco em implantação de Projetos e Desenvolvimento de Equipes e Lideranças. Cofundadora, Presidente e Coordenadora Pedagógica da Unipaz São Paulo. Facilitadora dos Programas: Eneagrama, Autogestão, Educação Ambiental e A Arte de Viver a Vida de Pierre Weil.

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