Unipaz São Paulo

Psicologia Transpessoal, Amor e Normose

Sua tarefa não é buscar amor, mas meramente buscar e encontrar todas as barreiras dentro de si próprio que você construiu contra o amor.

Jalaladim Maomé Rumi

O campo de estudo da Psicologia Transpessoal demanda aprofundamento para que não haja desvio de percepção na busca pelo mais alto potencial do ser humano, integrando vivência com formação, abertura aos fenômenos que se vivenciam, materiais ou não, a exemplo de sonhos e de experiências de pico os quais traduzem o ser nos diversos níveis de realidade. 

Se observarmos um ser humano digitando suas ideias (“um digitador” empenhado na transmissão de algo) percebemos que ele tem a direção, o tema, define a pesquisa e igualmente o meio físico que traduzirá suas informações (computador, celular etc.), o meio físico contém “softwares” ou recursos incorporados para compor a escrita, as tabelas ou o que mais o ser humano-digitador necessite para poder transmitir o que deseja. 

Utilizo essa analogia do ser humano-digitador para relacioná-la à sua mente, à qual atribuo simplesmente o nome de “digitador” por se utilizar dos recursos do cérebro (hardware – meio físico), onde estão configurados os instintos, memórias das circunstâncias (sentimentos, emoções) e os pensamentos, frutos da interação do sistema promovendo vontades, conscientes ou inconscientes. 

Que metodologia pode acessar esse material, promovendo o desabrochamento integral do ser humano? 

Relembrando que esse “digitador”, essa mente, está inserida num sistema hominal individual; que por sua vez está inserido num contexto de demais seres humanos (pais, amigos, vizinhos, colegas conhecidos e desconhecidos) – sistema familiar/organizacional; o qual interage localmente (sua casa, rua, bairro, empresa, nação) e não localmente com demais países (internet, celular, rádio, TV: recursos que utilizam ondas) ou ainda, não localmente em “outro tempo” quântico; dentro de um sistema ainda mais amplo – sistema planetário (que engloba a Terra), que está igualmente inserido em outros sistemas, a exemplo do sistema solar. Por ora paremos por aqui. 

Será que há uma transferência de informações entre todos esses sistemas?

Do ser para o universo e vice-versa? De um homem para os que fazem parte de seu geneagrama? Da mãe para o feto? Será, ainda, que o bebê recém-nascido pode utilizar informações vindas de sua mãe e definir como serão suas futuras interações?

Será que a informação (natureza física ou emocional) — memória guardada e/ou vivida e “esquecida” no inconsciente de um homem, registro de seu passado/de outros, pode continuar atuando no aqui e no agora?

Será que a informação depende de tempo e espaço? Se não depender, pode ser destruída?

Segundo Ervin László (filósofo húngaro e teórico de sistema), “a informação dentro de um sistema é mais fundamental do que a matéria, energia, espaço e tempo. A informação é a única coisa no universo que não pode ser destruída.” 

Nesta Casa, Unipaz São Paulo, possibilita-se, passo a passo, a estrutura para propor novas perguntas… O importante são as perguntas, para poder rever respostas dadas pela Normose (patologia da Normalidade), conceito criado por Jacob Levy Moreno[1], palavra que usava ao lado de neurose e psicose. Para poder acolher a transdisciplinaridade (psicologia, biologia, física quântica), ciência e espiritualidade, entendida como o sentido para o que se vive, ir além de si mesmo.

“O homem é um ator de Deus no palco do universo”

Jacob Levy Moreno

Acolher ainda, as conexões com outras linhas de pensamento, pesquisa e prática, comuns ao século XX, a exemplo:

  • Dos campos mórficos (Rupert Sheldrake, biólogo) — campos que levam informações, não energia, e são utilizáveis através do espaço e do tempo sem perda alguma de intensidade depois de ter sido criado. Eles são campos não físicos que exercem influência sobre sistemas que apresentam algum tipo de organização inerente;

  “Esta teoria trata sistemas naturais auto-organizados e a origem das formas. E eu assumo que a causa das formas é a influência de campos organizacionais, campos formativos que eu chamo de campos mórficos. A característica principal é que a forma das sociedades, ideias, cristais e moléculas dependem do modo em que tipos semelhantes foram organizados no passado. Há uma espécie de memória integrada nos campos mórficos de cada coisa organizada. Eu concebo as regularidades da natureza como hábitos mais que por coisas governadas por leis matemáticas eternas que existem de algum modo fora da natureza.” (Sheldrake, 1981). 

  • Das ordens do amor e do sucesso inerentes ao envolvimento sistêmico familiar e organizacional de Hellinger, autor de grande interesse para nosso campo de estudo, por estar diretamente ligado ao homem e suas conexões transpessoais tratando dos destinos humanos e da possibilidade de transformá-los ; indo, no entender de Hellinger[2], além dos limites da psicoterapia clássica na prática do que denomina ‘constelações familiares cujos integrantes desde que colocados em relação uns com os outros, não estão mais em si, mas se comportam e sentem como os membros da família que representam. Chegam até a sentir sintomas físicos deles

Ou seja, procedimentos que resultam terapêuticos por meio de informações obtidas, heranças transgeracionais, que nem sempre convergem no tempo e no espaço (não locais), descrevendo padrões recorrentes de atitude de um “meio familiar” ou “organizacional”. Nas constelações, por exemplo, se evidencia que a informação de um sistema não pode ser destruída, reafirmando László, pois em muitos casos transcende tempo e espaço.

Aquilo que se fecha ao permanente já está petrificado:
Acredita estar seguro através da proteção do singelo cinza?
Espere, algo duríssimo ameniza de longe o duro.
Ai! O martelo ausente prepara o golpe.”

Rilke

O ponto em comum?

 • Se os campos mórficos “viajam” através do tempo e do espaço e atualizam-se pela repetição;

 • Se as informações de componentes de uma “família” podem ser acessadas independentemente do tempo de ocorrência e do espaço podendo ser revisitadas…

• A dor pregressa ser curada pela tomada de consciência no(s) componente(s) que estejam vivenciando as mesmas situações no aqui e no agora; grande é a importância da Psicologia Transpessoal que possibilita por meio de recursos e técnicas “curar” o indivíduo presente e também o sistema a que pertence, por ressonância; a cura da parte se multiplicando no todo, no sistema.

Como que havendo uma informação indelével sobre o “modo de atuar naquele sistema” — as partes ficam interconectadas influenciando-se mutuamente; independe de estarem no mesmo tempo e espaço — a informação transcende a localidade e pode, portanto, ser “não local”.

 Sim, há transferência de informações entre os sistemas.

“Assim como a música não está no piano, mas no campo ressonante que o rodeia”, relembrando Di Biasi, nossas memórias e nossa consciência não estão no cérebro, mas no campo de informação holográfica que o rodeia.

Ao final destas reflexões resgato Rumi: sem barreiras para o Amor, sem barreiras para a informação que vai nos alicerçando, comprovando o quanto estamos unidos a tudo e todos por meio dos diversos sistemas, papéis exercidos, pelo Poder do Encontro — grande ferramenta de evolução, sem Normose, que a Psicologia Transpessoal estruturadamente busca elidir.

Seja Bem-vindo à UNIPAZ-SP!

[1] Holmes, Paul 1947 O Psicodrama após Moreno; inovações na teoria e na prática/ organizado por Paul Holmes, Marcia Karp e Michael Watson; São Paulo, Editora Ágora, 1998 pg. 67

[2] Hellinger, Bert. Ordens do Amor: um guia para o trabalho com constelações familiares, São Paulo, Editora Cultrix, 2007, pg. 403

Maria do Carmo Colturato Silva é Psicologia Transpessoal – UNIPAZ (SP), Certified Neuro-Semantics – International Society of Neuro-Semantics – APG Meta-Coach, Certificação Internacional Coaching – Global Accreditation Board for Coaching, Pós em Transdisciplinaridade, Liderança e Cultura de Paz – UNIPAZ – (SP), Supervisora e Mestre em Psicodrama – Foco Organizacional – FEBRAP/PUC (SP) no. 216, Pós em Psicodrama Organizacional – Instituto Sedes Sapientiae – FEBRAP no. 260, Pós em E-Commerce – Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM (SP),  MBA em Contabilidade e Finanças – Universidade de São Paulo – USP, Especialização em Administração Financeira – ACREFI (SP), Graduação em Ciências Contábeis – Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo         FECAP- CRC 104213/0-4, Idiomas: Español fluente – Ministerio de Educación y Cultura de España (Salamanca).

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